O papel dos novos companheiros no crescimento dos filhos

de Rossana Gonella - Psicóloga

Conselhos úteis a ter em consideração.

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Como fazer para que os novos companheiros tenham uma relação construtiva com as crianças que não são seus filhos? Embora cada família seja única e seja sempre necessário um grande trabalho de reflexão interior e mútua, há alguns aspetos aos quais é importante dar atenção para garantir que os pais adquiridos sejam uma mais-valia para todos.

A família alargada

Estima-se que, em Portugal, atualmente existam cerca de 125.000 famílias recompostas, ou seja, casais em que pelo menos um dos cônjuges, antes de formar uma nova família, teve filhos de uma relação anterior. E os filhos, dentro destas famílias reconstituídas, encontram-se a ter o que se chama de “terceiro progenitor”, termo usado para indicar o novo parceiro da mãe e/ou do pai.

As estruturas familiares das famílias recompostas baseiam-se em dinâmicas novas, ricas e complexas, e o equilíbrio a ser encontrado não é dado, é necessário construí-lo dia após dia.

Não substituir os pais

O papel de “terceiro progenitor” é complexo, pois vive com as crianças o dia a dia e é uma figura de referência. Oferece apoio nas alegrias e nas dificuldades, mas, ao mesmo tempo, deve ter cuidado para não se substituir aos pais, que devem permanecer bem definidos nos seus papéis. A atitude ideal, indicada pelos psicólogos, é que ofereça apoio emocional e uma relação amigável, sem impor a sua autoridade.

Diálogo e abertura para o confronto

Com o diálogo, pode-se aprofundar o conhecimento mútuo, compreender o ponto de vista dos filhos, envolvê-los e dar-lhes a oportunidade de expressar os seus pensamentos e emoções. Desta forma, os adultos podem obter informações úteis sobre como se comportar, resolver momentos de crise e descontentamento, e agir em prol do bem-estar das crianças e de toda a família.

Incentivar os filhos a manter uma boa relação com o progenitor biológico

Quando o novo/a parceiro/a não gera rivalidade e não tenta substituir a mãe e o pai, os filhos não sentem que estão a quebrar a lealdade ao progenitor biológico ao se ligarem ao terceiro progenitor. Pelo contrário, os laços serão mais fluidos e elásticos, e os filhos terão várias figuras de apego com as quais estabelecerão relações diferentes.


Respeitar os espaços e os tempos

Quer se trate de um espaço físico, como o seu quarto, ou de um espaço mental, é importante garantir aos filhos do parceiro o respeito pela sua autonomia e pela sua privacidade, limitando comportamentos invasivos. Da mesma forma, é necessário ter paciência, agir de forma gradual, com sensibilidade e adaptar-se constantemente ao ritmo dos filhos para permitir a criação e a manutenção da confiança e da intimidade.

Propor atividades para fazerem juntos

Envolver os filhos do parceiro em atividades conjuntas ajuda a aprofundar o conhecimento mútuo e a cumplicidade. Encontrar atividades e paixões partilhadas pode ser uma boa estratégia para criar um ambiente autêntico e um espaço comum.

Em conclusão, quando as crianças ou jovens encontram um adulto bem-disposto e não julgador, que sabe estabelecer uma relação de forma adequada, com respeito e empatia, ficam felizes por se ligarem a ele. E quando os adultos usam bom senso e sensibilidade em relação às necessidades e ao ritmo dos filhos do parceiro, que são personalidades em desenvolvimento, cria-se um modelo útil para um correto e saudável desenvolvimento afetivo-relacional, e a convivência dentro da família reconstituída será a mais harmoniosa possível.