Jogos e exercícios de psicomotricidade para todas as fases da infância

O desenvolvimento psicomotor é o processo pelo qual a criança adquire competências motoras e cognitivas através da interação com o meio ambiente. Este processo é fundamental para o seu bem-estar global, envolvendo o corpo e a mente, e é único para cada criança.

Precisamente porque cada percurso é único e diferente, prefere-se hoje falar de "etapas do desenvolvimento psicomotor" em vez de "marcos", para refletir uma visão mais flexível do tempo de maturação e da forma como as competências são adquiridas, reconhecendo a singularidade de cada pessoa.

Vejamos agora que exercícios e jogos podem ser realizados durante as diferentes etapas para apoiar e favorecer o desenvolvimento psicomotor.

A atividade física e as brincadeiras são cruciais para o desenvolvimento de um recém-nascido e devem ser praticadas diariamente. No primeiro ano de vida, o bebé aprende a levantar a cabeça, a rolar, a sentar-se, a gatinhar, a ficar de pé e, por fim, a andar. Para desenvolver todas estas competências, existem exercícios e atividades, que devem ser sempre realizados de acordo com as indicações do pediatra. Os mais conhecidos e recomendados são:

• Tummy Time: este conceito refere-se ao tempo que um recém-nascido passa de barriga para baixo enquanto está acordado. Este exercício de psicomotricidade é fundamental porque ajuda a desenvolver os músculos do pescoço, da cabeça e da parte superior do tronco, além de estimular e treinar a visão do bebé, preparando-o para se sentar, gatinhar e ficar de pé quando for mais velho. Esta posição é também importante para a criança, pois ajuda-a a ter uma perspetiva /ponto de vista diferente para observar o que a rodeia, sendo assim estimulante não só para a sua visão, mas também para o seu desenvolvimento cognitivo. Os tapetes de brincar e os ginásios para bebés com brinquedos pendurados são particularmente úteis nestes momentos para estimular e entreter a criança. É importante que, durante o Tummy Time, a criança esteja acompanhada por um adulto e nunca seja deixada sozinha.

• Alongamentos e movimentos dos braços, os movimentos de braços e as atividades de alongamentos ajudam o bebé a desenvolver a coordenação e a força muscular. Alguns exercícios úteis e simples incluem mover suavemente os braços do bebé em movimentos circulares ou estendê-los para baixo e para cima, melhorando assim a flexibilidade e a força. Brinquedos com guizos, espreguiçadeiras, berços e brinquedos suspensos, mesmo os que se encontram nas espreguiçadeiras, podem ser úteis, pois permitem que o bebé se estique e agarre, exercitando assim os músculos dos braços e das mãos, essenciais para aprender a mover-se nos próximos meses e para alargar o conhecimento do mundo que o rodeia.

• O contacto visual: nos primeiros meses de vida, um dos primeiros jogos de psicomotricidade a realizar em casa consiste em estabelecer o contacto visual, e também o contacto auditivo, e em fazer com que o bebé siga os olhos e os movimentos da mãe ou do pai, de modo a desenvolver os músculos do pescoço e o controlo da cabeça, úteis para a perceção e a orientação no espaço.

• Variedade de objetos : é importante oferecer objetos e jogos que possam proporcionar diferentes estímulos e atividades ao bebé, variando os materiais (madeira, plástico, cartão, tecido...), o tipo de superfície (rugosa, macia, lisa, fria...) para que o bebé experimente sensações tácteis, mas também sons e pesos. Os jogos com sons e cores vivas são também excelentes para estimular os sentidos do bebé, atrair a sua atenção e encorajá-lo não só a utilizar os membros superiores, mas também a seguir objetos com os olhos. Os brinquedos que desenvolvem a atenção, com estímulos musicais e luminosos, também podem ser utilizados para ajudar o bebé a desenvolver a sua capacidade de se concentrar na atividade lúdica.

Nos primeiros três anos de vida, os rapazes e as raparigas crescem de uma forma espantosa, adquirindo constantemente novas e estimulantes competências. Para favorecer ao máximo o seu desenvolvimento, é importante oferecer-lhes atividades, jogos e exercícios psicomotores adequados. Por exemplo:

• Atividades de equilíbrio e coordenação: podemos começar com exercícios simples, como subir e descer escadas, dar as mãos ou agarrar-se ao corrimão nos primeiros tempos, para melhorar a coordenação e o equilíbrio. Podemos criar pequenos percursos em casa com os objetos de que dispomos ao utilizar kits especialmente concebidos , como o kit de psicomotricidade da Chicco, sempre com o cuidado de criar um ambiente seguro. Existem também jogos concebidos para desenvolver o equilíbrio, como os cavalgáveis.

• Jogos de manipulação: utilizar lápis de cera ou resolver puzzles simples, jogos de empilhar e de encaixar são atividades ideais para ajudar as crianças a manipular pequenos objetos, estimulando a criatividade, melhorando a motricidade fina (ou seja, a capacidade de coordenar os pequenos músculos das mãos, pulsos e dedos) e a coordenação óculo-manual.

• Exercícios de imitação e jogos de papéis: a imitação de situações do quotidiano, como cozinhar ou cuidar de uma boneca, mas também a simples imitação de movimentos como cantar batendo palmas ou dançar com a mãe ou o pai, são perfeitos para desenvolver as competências sociais e cognitivas da criança.

É importante supervisionar sempre a criança durante estas atividades, para estar pronto para ajudá-la, mas não a substituí-la, em caso de necessidade ou para lidar com as quedas e os percalços da melhor forma possível enquanto explora o mundo que a rodeia.

As crianças em idade pré-escolar, entre os 3 e os 5 anos, vivem uma fase crucial do seu desenvolvimento, na qual adquirem competências sociais, cognitivas e emocionas. Envolvê-las em jogos e exercícios para desenvolver a psicomotricidade direcionada pode ajudar a estimular a sua aprendizagem e crescimento. Eis algumas ideias de atividades que promovem o desenvolvimento das crianças desta faixa etária:

• Jogos de movimento: a criação de percursos de obstáculos e túneis onde as crianças podem correr, saltar e trepar (em segurança) ajuda a desenvolver a coordenação motora e o equilíbrio, tal como os exercícios psicomotores e jogos com bola podem melhorar a coordenação óculo-manual e a força física. A dança também pode ser uma forma divertida de desenvolver o sentido do ritmo, a coordenação e a auto-expressão.

• Atividades de precisão: fazer colagens, manipular diferentes materiais, gravar ou escorar, bem como desenhar e familiarizar-se com as letras e os números, escrevendo-os, são atividades perfeitas para desenvolver a capacidade de resolução de problemas. Pode criar jogos de precisão e de manipulação a partir de materiais simples que tem em sua casa, como massa de sal, uma pasta grossa ou botões para fazer um colar. O importante é que sejam materiais seguros e que a criança nunca seja deixada sozinha durante estas atividades.

• Jogos de equipa e cooperação: seguir regras, partilhar e trabalhar em grupo são atividades muito importantes para todos os seres humanos e vale a pena começar a desenvolvê-las antes do início das aulas.

• Dramatização: incentivar as crianças a dramatizar ajuda a desenvolver as competências sociais e emocionais, bem como a criatividade. Inventar jogos simbólicos e repetidos que se expandem para cenários de jogo mais complexos pode também ajudá-las no seu desenvolvimento cognitivo social. Incentivar a criança a interpretar as histórias que lhe são lidas, criando cenários alternativos e imaginativos, ajuda a melhorar o vocabulário, a compreensão e a capacidade de contar histórias.

Estes exercícios, adaptados às novas necessidades, são igualmente adequados aos rapazes e raparigas mais velhos, tendo em conta, no entanto, que tudo muda a partir dos 6 anos. A partir desta idade, começa a organização das perceções corporais, passando da perceção externa (olhar, tocar, sentir) para um processo de interiorização. As crianças desenvolvem uma maior consciência das partes individuais do corpo e do ego, percebendo o corpo como uma unidade simétrica e reconhecendo a predominância da mão, do pé, do olho e da orelha.

Todas as atividades descritas acima devem ser realizadas sob a supervisão cuidadosa de um adulto e num espaço adequado para o crescimento e a exploração seguros. Em suma, numa casa à prova de crianças! É possível criar um espaço seguro para crescer e explorar seguindo alguns conselhos:

• Os brinquedos devem ser concebidos para a idade da criança, capazes de estimular os sentidos com texturas, cores, sons e outros pormenores, e organizados em recipientes acessíveis. Muitos especialistas recomendam brinquedos inspirados no método Montessori. Estes são perfeitos para ajudar a criança a desenvolver o pensamento lógico, a orientação, a criatividade e as competências linguísticas de forma autónoma, graças à abordagem auto-corretiva.

• O espaço deve ser seguro, mas explorável: o chão deve ser adequado às brincadeiras e às primeiras tentativas de movimento autónomo, estimulando também o ponto de vista sensorial, e deve haver espaços seguros para gatinhar ou trepar, por exemplo, utilizando almofadas e outros objetos. Cuidado com as arestas e as tomadas elétricas, bem como com os cabos e outros objetos potencialmente perigosos.

• Brincar é importante, mas também o é descanso e calma. Por isso, cada rapaz ou rapariga deve ter acesso a espaços onde possa fazer uma pausa da agitação e das atividades de grupo.

• Crescer implica riscos, e é por isso que o espaço deve ser concebido de forma a permitir jogos, exercícios e percursos de psicomotricidade sempre sob o olhar atento de adultos responsáveis.

O pediatra ou um terapeuta psicomotor pode avaliar o desenvolvimento psicomotor da criança com instrumentos especializados e fornecer aos pais ferramentas práticas, chaves e apoio para observar, estimular e compreender o comportamento do filho ou filha.

Para além de criar um ambiente seguro e estimulante, é também crucial lembrar que cada criança é única, com o seu próprio ritmo e dinâmica. Seja paciente e permita que o seu filho/filha explore e aprenda ao seu próprio ritmo!