O caminho para a paternidade

A consciência de se tornar pai é uma das sensações e experiências mais belas para um homem, mas frequentemente pode representar uma grande fonte de stress que afeta a esfera das responsabilidades, não apenas em relação à criança, mas também para com a sua companheira. Estar à altura das expectativas de quem nos rodeia, ser capaz de apoiar adequadamente a sua companheira durante a gravidez e o parto, assim como nos primeiros meses de vida da criança, pode influenciar a relação de casal ou a produtividade no trabalho, gerando, assim, um aumento do stress. O homem passa de ter uma relação bilateral com a companheira a ser o único suporte da mãe e do filho.

O futuro pai, nestes nove meses, parece estar a viver num limbo. Não ocorrem nele transformações substanciais a nível físico e emocional, o que, sem dúvida, resulta numa “disparidade” de tempos no processo de construção do papel parental e do vínculo afetivo com a criança. A falta de envolvimento nesta fase pode ter repercussões no relacionamento do casal, levando ao surgimento de tensões mais ou menos evidentes. Mesmo em relação à intimidade, o homem pode manifestar uma certa resistência, percebendo de forma diferente o corpo da mulher e sentindo sempre que está a partilhar esse momento não apenas a dois, mas com a presença de uma criança.

Torna-se, assim, realmente fundamental, desde a gravidez, para a saúde e serenidade do casal, o compromisso mútuo em enfrentar juntos todas as mudanças e em serem um apoio um para o outro. A transição de casal para pais deve ser gradual; não se devem impor objetivos, mas viver esta nova quotidianidade dia após dia, questionando-se e ajudando o outro a compreender e a superar os seus próprios limites.

O futuro pai deve ter como objetivo principal criar uma atmosfera de segurança e confiança, na qual a mulher se sinta apoiada. A responsabilização que decorre da maternidade será ainda mais completa se a futura mãe se sentir segura de si mesma desde os primeiros meses. É importante deixar-se envolver desde o início da gravidez e partilhar emoções e estados de espírito com a sua companheira, de forma a enfrentar da melhor maneira as fases de cansaço e stress que, inevitavelmente, podem surgir ao longo dos nove meses. A comunicação é fundamental nesta fase do percurso: o pai deve conhecer quais serão as fases da mudança para poder acompanhar e compreender a futura mãe. Isto evitará que as numerosas transformações tenham repercussões negativas na relação. Ninguém deve sentir-se excluído; é importante que os pais também vivam a gravidez e o parto como uma experiência única. É ao aprenderem juntos que se concretiza o apoio necessário que um pai pode oferecer à mãe: a gestação, o parto e a amamentação são da responsabilidade da mulher, mas cabe ao novo pai fazer com que a nova mãe se sinta capaz de enfrentar tudo isto.

Mas vamos aos detalhes para entender como se preparar para se tornar pai:

Em primeiro lugar, é muito importante estar presente em todas as consultas com a médica de obstetrícia, com o ginecologista e nos cursos de preparação para o parto. É aconselhável preparar, juntamente com a sua companheira, as perguntas a fazer e manter uma agenda partilhada com todos os compromissos.

Deve pedir à sua companheira que o faça sentir-se parte dos movimentos do bebé e do que está a sentir. O futuro pai deve falar com o bebé desde que ele ainda se encontra na barriga da mãe, ler-lhe uma história e fazer com que o bebé ouça a sua voz.

Outro aspeto a não subestimar é o da informação. É fundamental ler livros sobre a gravidez ou informar-se em sites fiáveis. O conselho é viver a gravidez em conjunto, passo a passo, sem nunca descuidar a comunicação, tanto física como verbal. É muito importante entrar em sintonia com a sua companheira e deixar-se envolver nas dinâmicas deste novo papel.

Hoje em dia, os pais estão muito mais presentes na vida da criança desde os primeiros meses de vida, em todas as fases de cuidados. Eles desejam sentir-se envolvidos e participantes e, com isso, sentem necessariamente uma mudança de prioridades. Tornar-se pai implica assumir, sem qualquer receio, renúncias e aceitá-las como uma fase natural da parentalidade. Compartilhar os cuidados do recém-nascido, além de fortalecer a relação pai-filho, ajuda o homem a superar as tensões que a gravidez pode ter gerado.